28 de junho de 2009

ENTRE O QUE SOU E O QUE ESCREVO

"Devias escrever coisas cómicas", dizem-me às vezes. E eu concordo. Gostava, até. Seria mais feliz enquanto o fizesse. O problema é que a gente não escreve o que quer. Dá voz a coisas que não são nossas, a pessoas que não existem neste mundo, mas ainda assim "são". Confiam em nós para repetirmos palavra por palavra o que nos sussurraram. Mesmo as coisas dramáticas e, frequentemente, desagradáveis.
Gostava mesmo de escrever romances só com coisas alegres. Suspeito, contudo, que o mundo das coisas invisíveis é capaz de ser mais sombrio e inquietante do que gostaríamos de admitir.
Escrevo o que posso. Mas, sim, gostava de me rir enquanto teclo.

4 comentários:

Cristina Dionísio disse...

Muito bom o texto dos ratos! Bem, muito bom é pouco, está excelente!

Unknown disse...

Eu gosto do que escreves.
Algumas dessas "coisas dramáticas e, frequentemente, desagradáveis" são muitas vezes para quem te lê uma catarse, uma purga das suas próprias vivências e das suas próprias "coisas dramáticas e, frequentemente, desagradáveis".
Obrigado por continuar a escrever o que pode. Espero ansiosamente por Outubro e pelo novo romance.

salamandrine disse...

impossível não teres rido - pelo menos sorrido - ao escrever sobre ratos.

eu ri ;)

e o riso pode vir dos lugares mais improváveis. não necessariamente as comédias.

a lembrança d'A Viagem ao Coração dos Pássaros, deixa-me sempre com um sorriso.

joao disse...

mas escreve. nao esta preso na angustia do vazio. nao e motivo para rir, mas sim para respirar a liberdade.