ENTRE O QUE SOU E O QUE ESCREVO
"Devias escrever coisas cómicas", dizem-me às vezes. E eu concordo. Gostava, até. Seria mais feliz enquanto o fizesse. O problema é que a gente não escreve o que quer. Dá voz a coisas que não são nossas, a pessoas que não existem neste mundo, mas ainda assim "são". Confiam em nós para repetirmos palavra por palavra o que nos sussurraram. Mesmo as coisas dramáticas e, frequentemente, desagradáveis.
Gostava mesmo de escrever romances só com coisas alegres. Suspeito, contudo, que o mundo das coisas invisíveis é capaz de ser mais sombrio e inquietante do que gostaríamos de admitir.
Escrevo o que posso. Mas, sim, gostava de me rir enquanto teclo.
4 comentários:
Muito bom o texto dos ratos! Bem, muito bom é pouco, está excelente!
Eu gosto do que escreves.
Algumas dessas "coisas dramáticas e, frequentemente, desagradáveis" são muitas vezes para quem te lê uma catarse, uma purga das suas próprias vivências e das suas próprias "coisas dramáticas e, frequentemente, desagradáveis".
Obrigado por continuar a escrever o que pode. Espero ansiosamente por Outubro e pelo novo romance.
impossível não teres rido - pelo menos sorrido - ao escrever sobre ratos.
eu ri ;)
e o riso pode vir dos lugares mais improváveis. não necessariamente as comédias.
a lembrança d'A Viagem ao Coração dos Pássaros, deixa-me sempre com um sorriso.
mas escreve. nao esta preso na angustia do vazio. nao e motivo para rir, mas sim para respirar a liberdade.
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